Arquivo Kazuo Ohno

Mergulho no Arquivo Kazuo Ohno, na Universidade de Bolonha, na Itália. Os materiais sintetizam os trabalhos do bailarino japonês. São os momentos finais de meu estágio de pós-doutorado.

Assisto a um DVD, em língua japonesa, sem legendas. Entendo menos que nada: uma conversa informal com Yoshito Ohno, em 2002, no estúdio onde trabalha até hoje. Na ponta da mesa, seu pai, Kazuo, naquele momento com mais de noventa anos, às vezes, parece dormir, sentado numa poltrona.

Subitamente, o mais velho começa a se mover. Yoshito, sem interromper a conversa, percebe que algo acontece. Aos poucos, silêncio. O filho, muito discretamente, vai até o aparelho de som e coloca uma música. Sem poder ficar em pé pelo peso da idade, Kazuo baila.

Há pessoas que dançam. Há outras que são dança.